quarta-feira, 14 de março de 2018

O ser subiu a colina e precisava decidir qual caminho seguir. Voltar ele não podia, pois se voltasse ele não encontraria nada igual ao que ele ainda conseguia se lembrar. Escolheu um caminho e seguiu, todos os caminhos pareciam iguais.
Quanto mais o ser andava, menos o ser se lembrava por onde já havia estado. 
Quanto mais o ser andava, menos o ser era quem ele já havia sido. 
Quanto mais o ser andava, menos o ser sabia para onde iria. 
O ser já não podia reconhecer seus antigos conhecidos e não sabia se seria reconhecido. Quando os reencontrasse, quem o ser seria?

No começo, o ser sabia para onde ia. Era longe, mas não tinha como errar, era só seguir, seguir e seguir. Foi isso o que lhe disseram. E quando chegasse, então ele saberia o porquê de tanto andar. Mas após começar a seguir seu caminho, em algum ponto o ser deixou de seguir e aí, sem ter mais como conseguir, o ser já não sabia mais o que seria e para onde iria. 

E tudo que havia à frente era outra colina.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

O que há para se enxergar?
No escuro, tudo é tão quieto...
Eu nunca estive só
E isso é tudo.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Aquela impressão
Sabe? Aquela imprecisão
porqueprecisamossempreconhecercadadetalheemcadamomentoparatermoscertezadaprecisãodenossasimpressõesepodermosdescrevertudodetalhadamenteemlinhaselinhasdesaberedescrição
Não! Não é nada.

O que sobrou?

Você veio. Olá,
Quer tomar um chá?

Passou.
O que sobrou?

Você vinha, eu sorria
mas sabia, que você tinha
aquela linha, para sempre minha

Sobrou o arco entre o mo e o mento
e no ar, a impressão
que eu sempre tinha
que você vinha

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Silêncio

O silêncio é a mais eloquente forma de expressão humana. Frequentemente existe mais informação sendo expressada em um silêncio do que em uma fala. Falas possuem subterfúgios, contornos e adornos, o silêncio é sincero.

Ok, muitas vezes não somos capazes de interpretar um silêncio corretamente, mas isso é defeito de recepção, também é resultado de nossa mania de querer entender as coisas detalhadamente, como se por trás do silêncio houvessem descrições intermináveis, mas não, o silêncio possui sua expressão própria.

Existem silêncios com vários gostos:

Existe o silêncio de pesar, quando tentamos ser empáticos e dividir o sentimento de alguém por um momento, mas sabemos que não podemos preencher aquele espaço com palavras.


Existe o silêncio de saudades, quando não nos comunicamos com alguém há anos e não podemos voltar a falar (seja por impossibilidades práticas, seja porque simplesmente a vida segue adiante e as pessoas não são mais as mesmas).


Existe o silêncio de amor, de novo quando as palavras não são mais úteis e tudo se transforma em um toque ou olhar.


Existe o silêncio de fofoca, quando duas pessoas se conhecem tão bem que com um olhar conseguem transmitir algum comentário óbvio no contexto entre essas pessoas.

Existe o silêncio irônico, que sucede uma fala e interrompe inesperadamente uma conversa, forçando o interlocutor a repensar o que foi dito e compreender um segundo nível de significado.

Existe o silêncio da omissão, quando a informação mais importante numa frase é a que deixa de ser dita.

Existe o silêncio de mágoa, quando não estamos dispostos a dar uma nova chance a alguém.

Existe o silêncio de meditação, quando tentamos limpar nossa mente do fluxo de pensamentos cotidianos e nos organizar.

Existe o silêncio de expectativa, quando algo pode acontecer a qualquer momento.

Existe o silêncio de pensamento, quando precisamos entender alguma coisa (isso ocorre muito em matemática, e este silêncio tem um pouquinho do gosto do silêncio de expectativa e também do silêncio da fofoca!)

Existe o silêncio da gula, quando todo mundo para de conversar para comer! :)

Existe o silêncio do afastamento, quando tentamos evitar alguém e fingimos não ouvir.

Existe o silêncio das duas da manhã, quando não dormimos (este silêncio pode ter muitos gostos).

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Gosto

gosto da vida
é salgado, é azedo
é doce, é amargo
tudo, tem quem goste
gosto da vida

sábado, 7 de junho de 2014

O momento
entre o mo e o mento
possui um senti